quarta-feira, 31 de agosto de 2016


Hoje começa na Itália, o 73º Festival de Veneza. A seleção oficial recebe os novos filmes de diretores consagrados (Terrence Malick, Wim Wenders, Emir Kusturica, François Ozon), outros sempre presentes nos últimos anos  (Lav Dias, Amat Escalante, Pablo Larraín, Denis Villeneuve) e títulos que dão start à temporada de premiações do Oscar. 

Os filmes e a programação oficial do Festival estão disponíveis no site oficial.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

QUANDO AS LUZES SE APAGAM, dirigido por David F. Sandberg. Estreou no Brasil em 18 de Agosto de 2016. O curta-metragem de pouco mais de um minuto de duração já tinha sido sucesso anos atrás, divulgado maciçamente na internet após a exibição no Who's There Film Challenge 2013, um festival de curtas para o gênero de suspense e terror. A ideia central - de fantasmas e assombrações que aparecem somente quando as luzes se apagam - foi levada à risca para o longa-metragem, que não faz feio: assusta e muito. O roteirista não pensou muito para construir a história (facinha, já bastante explorada pelo cinema) do fantasma que assombra uma família, causando tensões e mortes bruscas; mas o diretor abusa das ótimas sacadas com luz e escuridão para construir sua narrativa. Como o tal fantasma maligno não aparece em meio à claridade (que o filme faz questão de explicar o porquê sem entrar em em muitos detalhes), o diretor explora inúmeras situações possíveis (clarões, fachos de luz, luz negra, luz vermelha, luzes do pisca alerta do carro, velas, luzes temporárias, falta de lâmpadas, sombras em lugares indesejados e por aí vai) e trabalha com o que é essencial para o filme fluir bem: deixar o espectador tenso todo o tempo. Se o frame já surge no escuro, a tensão já está criada. Se a luz está presente, pode ter certeza que muito em breve ela vai se apagar. O fantasma talvez nem apareça, mas quem se importa? O susto já está ali grudado na sua cabeça. E num filme curtinho, de 80 minutos de duração, a tensão de uma sequência praticamente se junta a outra, sem chance pra respirar. 

quarta-feira, 24 de agosto de 2016


As escadas do Cine Jardins, em Vitória-ES.



A despeito do muito que já foi dito sobre A BRUXA (dirigido pelo estreante em longas-metragens Robert Eggers) desde que o filme estreou no Festival de Sundance no ano passado (de que trata-se de um grande filme de terror psicológico que não recorre aos sustos comuns do gênero – como as tomadas bruscas de câmera sobre a trilha sonora densa – e que volta-se a um expectador que procura menos pela leitura fácil e objetiva do filme e mais pelo pensar aquilo que se viu), adiciono o que ficou para mim depois de sair do cinema. O filme realmente ganha ainda mais vida se tratado como um poderoso drama sobre família e religião e menos sobre o efeito suspense/terror que necessariamente deve deveria exercer sobre o expectador. O subtexto do clã que é obrigado a abandonar sua comunidade – fechada e presa a fortes preceitos religiosos (!) – por semear em seu núcleo princípios ultra-religiosos (!!), encontra na alegórica figura da bruxa que intercepta seus caminhos após fixarem-se nas proximidades de uma floresta absurdamente cinza e fria, a dissolução de seus cânones patriarcais, brevemente sintetizado pela observação de seus quatro principais personagens:

- O pai: a derrocada de seu posicionamento patriarcal é visto em diversas situações, mais fortemente ilustradas através das atividades que ele mal consegue executar, como a subsistência de sua prole – ele sequer consegue caçar um coelho sem ferir-se; sua função é substituída pelo uso da força bruta no corte lenha (na qual ele sucumbe).

- A mãe: a lógica patriarcal da submissão ao marido é quebrada ao condicionar à filha mais velha as atividades nas quais a ela obrigatoriamente pertenceriam, como cuidar das roupas do marido (inclusive despi-lo para lavar as vestes no riacho) ou transferir os cuidados com seus filhos (a culpa por não fazê-lo pessoalmente virá, primeiramente, com o sumiço do filho caçula, ainda bebê).

- O filho: o desejo sexual reprimido pela religiosidade vai encontrar efeitos mais reflexivos com a puberdade que se inicia e o interesse pela irmã mais velha, que ele próprio não acredita estar acontecendo; em seu desfecho, torna-se objeto de fixação pela mãe e de sua morte extrai-se a representação do clímax do sexo – o orgasmo (proibido).

- A filha: a última a deixar o tribunal da comunidade de onde o clã foi expulso – é puxada pelo irmão, como se fosse obrigada a seguir por um caminho que não quer -  Thomasin é a amarra que une as deturpadas formas de relacionamento entre seus familiares. Sua cena final ressoa o forte desejo de liberdade daquilo que o pai impôs à família.