quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015



Antes mesmo das sessões de pré-estreias, INVENCÍVEL já enfrentava a dura batalha de superar o rótulo de ser um best-seller que "virou um brinquedo" nas mãos de uma superestrela de Hollywood, com Angelina Jolie abandonando a linha de frente dos sets de gravação para assumir pela segunda vez a direção de um longa-metragem de ficção. Ao estrear, em um assombroso movimento que o empurrava para o topo da temporada de premiações dos filmes norte-americanos, particularmente ao Oscar, acabou facilmente esnobado pelos críticos. Estava decretado que a estrela Angelina Jolie não tinha dado brechas para que a diretora Angelina Jolie pudesse fazer seu terceiro filme.

Mas não é bem assim.  A história do ítalo-americano Louie Zamperini, um atleta olímpico dos Estados Unidos que se tornou combatente na Segunda Guerra Mundial e ficou perdido em alto-mar por quase dois meses até ser capturado pelas tropas japonesas, está muito longe de fazer feio, mesmo passando por altos e baixos durante as 2h17 minutos de duração. O maior problema é da narrativa na qual a diretora defende, cujo primeiro terço se prende a flashbacks deslocados que aparentemente tentam conduzir a imagem do protagonista rumo à perfeita personificação do ser sobre-humano, quase estoico, que ele se torna quando em campos japoneses. Mas ignorando as escolhas que tentam blindar Louie, Jolie consegue ser bastante virtuosa na construção de algumas sequencias que dão ao espectador o tom daquilo que se espera de um drama de guerra, como duas cenas de vôos incrivelmente tensas, especialmente a primeira, que por se tratar da sequência de abertura do filme, consegue colocar o espectador a favor do filme que está assistindo desde os primeiros instantes. Pode não trazer nada de novo, mas arrisca para fugir da apatia e vale o preço desembolsado pelo ingresso no cinema - que sim, somado à beleza da fotografia e da trilha sonora, é motivo para assistir a INVENCÍVEL em uma sala de cinema. 

Angelina Jolie cancelou entrevistas, não pisou no tapete vermelho do Globo de Ouro e talvez prestigie o Oscar, quando seu filme estará disputando as estatuetas de Fotografia, Edição de Som e Efeitos Sonoros. Mas mesmo na contramão da crítica, a estrela não parece querer abandonar seu novo posto: BY THE SEA, um romance filmado na França em que ela mesma contracena com seu marido, Brad Pitt, estreia no fim do ano. Já AFRICA, uma nova produção com a cara do Oscar - com roteiro do laureado Eric Roth e uma pegada social, bem aos moldes da vida pública da artista - está previsto para 2016.


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Para ver: INVENCÍVEL (Unbroken, 2014, de Angelina Jolie). Com Jack O'Connell, Domhnall Gleeson, Garrett Hedlund, Takamasa Ishihara, Finn Wittrock, Jai Courtney. 
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