quinta-feira, 29 de janeiro de 2015



Em 2014, Clube de Compras Dallas. Em 2011, O Discurso do Rei. Em 2005, Ray. Em 2002, Uma Mente Brilhante. Faz um bom tempo que o cinema norte-americano feito para esta época do ano (a “temporada de premiações”) tem o prazer de catapultar determinadas produções cuja narrativa clássica (quase nada contra ela, é bom deixar claro) baseadas em biografias de personagens arrojados e corajosos trabalha para reduzir as boas lembranças de seus homenageados. E em 2015 não é diferente: A TEORIA DE TUDO, que faz parte da lista final dos oito melhores filmes na disputa do Oscar da categoria principal, celebra de modo enfadonho a difícil vida do físico britânico Stephen Hawkins, que desafiou a lógica de uma doença gravíssima (a esclerose lateral amiotrófica) e se tornou um dos maiores nomes da ciência da atualidade.

O diretor James Marsch, mais famoso pelos documentários do que pelas ficções (O Equilibrista, de 2008, também levou o prêmio mais importante da categoria no Oscar), investe em uma sequência lógica de ações que aborda rapidamente o estágio anterior à doença para se debruçar no embate pessoal e profissional de Hawkins durante os anos seguintes. A história de vida do cientista é sim interessantíssima e sua genialidade é lembrada a cada movimento de superação. Mas precisava ser tudo assim tão...  edificante, bonitinho, quadradinho e insosso? Não há qualquer tentativa de esboçar esforços por uma trama mais interessante como bons cineastas têm tentado em outras cinebios feitas recentemente, como O Escafandro e a Borboleta e A Rede Social (ainda que suportadas pelo classicismo da narração).

De uma obra assim, costuma-se esperar ao menos desempenhos magistrais de seus atores, que são favorecidos pelo caminho em linha reta que seus personagens seguem diante das cenas justapostas. Mas nem mesmo Eddie Redmayne (favorito da temporada ao Oscar de melhor ator), favorecido pela incrível dificuldade física de sua composição; ou Felicity Jones, em seu agridoce papel de esposa bondosa-amargurada pela vida, conseguem brilhar. Permanecem encerrados em desempenhos status quo. De bom mesmo só a belíssima trilha sonora composta por Jóhann Jóhansson.

Ainda assim, A TEORIA DE TUDO teve cinco indicações ao Oscar 2015 e quase emplacou indicações nas cinco principais, o que seria um feito de filmes privilegiadíssimos. Apenas o diretor, James Marsch ficou de fora. A falta de ousadia talvez explique ter sido preterido.

_____________________________________________________________________
Para ver: A TEORIA DE TUDO (The Theory of Everything, 2014, de James Marsch). Com Eddie Redmayne, Felicity Jones, Emily Watson.
Cotação:

Nenhum comentário:

Postar um comentário