domingo, 27 de julho de 2014

domingo, 20 de julho de 2014

quarta-feira, 16 de julho de 2014

- Havia um plano e era claro! Tudo estava acertado, mas agora está...
- Degringolado?
- Yeah!
- Você não é a única. Às vezes, também não sabemos onde estamos indo... eventualmente, tudo vai se ajeitar e ficar "não-degringolado".
- E se tudo não se ajeitar?
- Bem...
- É só você... não gosto dessa pergunta.
- Viu só? E se não ganharmos feijões mágicos? E se só ganharmos... feijões?




quinta-feira, 10 de julho de 2014




O diretor Wes Anderson, que já estava acostumado a ousar e fugir do insosso e burocrático senso comum de filmar avança ainda mais nesse seu filme mais recente. O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, seu oitavo longa-metragem, é um primor nos dois aspectos mais interessantes de uma obra cinematográfica: visual e narrativa. E o melhor é que os dois andam de braços dados para contar a história do hotel homônimo cheio dos excêntricos e costumeiros personagens do diretor.

A ação acontece em quatro planos temporais distintos, inteligentemente montados, mas sem excesso de pedantismo que implique em qualquer dificuldade ao entendimento da trama: uma jovem lê uma obra literária sobre o hotel do título, entregando a ação ao autor do livro, que surge em primeira pessoa para narrar o período em que esteve hospedado no local, voltando cerca de trinta anos no tempo, com a ação apresentando o proprietário do espaço, que numa conversa particular lhe revela a história do antigo concierge do Hotel Budapeste, Monsieur Gustave. Wes aproveita os quatro momentos temporais para desfilar uma galeria de interessantíssimos personagens, vividos por habituais e novos colaboradores do diretor – Tom Wilkinson, F. Murray Abraham, Jude Law, Tilda Swinton, Adrien BrodyWillem Dafoe, Mathieu AmalricSaoirse Ronan, Edward Norton, Owen Wilson, Jason Schwartzman, Harvey Keitel, Jeff Goldblum, Bill Murrray, Ralph FiennesLéa Seydoux – que encenam seus dramas em um delicioso tom cômico que beiram a ironia e abrem espaço para sequências inusitadas envolvendo crimes e assassinatos, perseguições, mistério e romance (tente não se apaixonar pelas atuações de Fiennes, Swinton e do estreante Tony Revolori).

O diretor é quase um seguidor do postulado forma-função e constrói um cenário sensacional para a representação desse texto. Da espetacular arquitetura do Budapeste às paisagens da fictícia nação Zubrowska, onde o hotel se encontra, tudo parece planejado em suas minúcias e executado com extremo rigor, como se o diretor objetivasse tornar possível um mundo que não existe mais (ou que talvez nunca tenha existido). Direção de arte, fotografia, figurinos, maquiagem, movimentos de câmera e trilha sonora se tornam uma engrenagem perfeita aos propósitos do cinema que Wes Anderson faz. E da belíssima rigidez centralizadora de seus planos e enquadramentos surge um dos filmes cujos aspectos plásticos se tornam pulmão da obra cinematográfica, possivelmente o melhor dos trabalhos do diretor.
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Para ver: O GRANDE HOTEL BUDAPESTE (The Grand Budapest Hotel2014, de Wes Andeson). Com Ralph Fiennes, Tony Revolori, F. Murray Abraham, Jude Law, Willem Dafoe, Edward Norton, Saoirse Ronan, Tilda Swinton).
Cotação: 


segunda-feira, 7 de julho de 2014

O primeiro semestre do ano para o cinema brasileiro emite sinais de que 2014 tem uma ótima safra de filmes para além das produções de comédia da Globo Filmes e de cunho social, que parecem lugar comum para o nosso cinema. Depois do ótimo HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO, que de mansinho e com poucas cópias fez público de quase 100 mil pessoas, outros dois grandiosos filmes chegaram aos cinemas nesse período: ENTRE NÓS, de Paulo Morelli; e O LOBO ATRÁS DA PORTA, de Fernando Coimbra, que comento rapidamente:



ENTRE NÓS

Um grupo de amigos no auge dos vinte e poucos anos se encontra para um final de semana numa casa de campo e dez anos depois voltam para relembrar os momentos do passado. Apesar de a sinopse soar como um clichê já muito explorado, o filme traz boas sensações. Ele guarda um pouco da aura dos bons seriados televisivos nacionais, que muita gente ainda vê com maus olhos, mas que é o grande apreço da obra. Passando por dois atos, nos anos 1992 e 2002, o diretor Paulo Morelli cria elementos que conectam as ações nos dois intervalos de tempo: os acontecimentos do passado são levados diretamente para o futuro e aos poucos sendo reveladas, sem pressa. O texto entre aos amigos é delicioso e os atores embarcam em atuações que, mesmo carregadas de valores dramáticos de assuntos que adentram temáticas como morte, depressão e solidão, parecem transmitir nos rostos a leveza da juventude – especialmente resgatadas no segundo ato. A câmera passeia por entre os personagens e a paisagem, estabelecendo um vínculo delicioso entre eles.



O LOBO ATRÁS DA PORTA

Avaliado pela Liga dos Blogues Cinematográficos como o melhor filme que estreou no Brasil nos seis primeiros meses deste ano, O LOBO ATRÁS DA PORTA é um espetáculo de produção, um acerto em praticamente tudo: roteiro, direção, montagem, elenco. O filme acompanha a história do trio de personagens vivido por Milhem Cortaz, Leandra Leal e Fabiula Nascimento, que se envolvem em jogo de traição e infidelidade matrimonial, em uma narrativa incrivelmente atemporal, que poderia ser transposta para qualquer lugar do mundo sem perder seu valor. O diretor e roteirista Fernando Coimbra envolve o espectador de tal forma que, mesmo parecer se distanciar do suspense em meio ao drama e a comédia das situações, o cria em um grau tenso e marcante. A câmera ávida de sedução – em diversos níveis – busca o colo e a nuca de Leandra e não se abstém de cortar testas e cabeças para mostrar um violento duelo psicológico entre ela e Milhem, na sequência mais angustiante do filme (ainda mais que a agoniante caminhada rumo ao desvendar do último acontecimento). Um filmaço imperdível. 

sexta-feira, 4 de julho de 2014