quarta-feira, 26 de março de 2014

Cannes 2013, work in progress.

Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche 
Jovem e Bela, de François Ozon 
Nebraska, de Alexander Payne 
O Passado, de Asghar Farhadi 
Inside Llewyn Davis, de Joel e Ethan Coen 
Minha Vida com Liberace, de Steven Soderbergh 
Só Deus Perdoa, de Nicolas Winding Refn 
Borgman, de Alex Van Warmerdam
Escudo de Palha, de Takashi Miike
A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino
Grisgris, de Mahamat-Saleh Haroun
Heli, de Amat Escalante
O Imigrante, de James Gray
Jimmy P., de Arnaud Desplechin
Michael Kohlhaas, de Arnaud des Pallières
Only Lovers Left Alive, de Jim Jarmusch
Pais e Filhos, de Hirokazu Kore-eda
A Pele de Vênus, de Roman Polanski
Um Castelo na Itália, de Valeria Bruni-Tedeschi
Um Toque de Pecado, de Jia Zhangke


Llewyn Davis, o protagonista deste filme mais recente dos irmãos Coen, tem a personalidade digna do roll das criações da dupla: um solitário cantor folk, um tanto presunçoso e arrogante, do tipo mais introspectivo que obstinado (mas que quando abre a boca parece sempre escolher a hora errada pra falar), cujo companheiro de estrada pulou fora da banda, a ex-namorada grávida o trocou por outro músico e que vive de sofá em sofá, dormindo de favores de gente que mal acabou de conhecer e tentando sobreviver de seu trabalho (Inside Llewyn Davis, seu disco mais recente). Llewyn Davis tem seus valores, mas fica ali, entre assumir a derrota diante de vida e receber as fagulhas de sua presunção interna que o mantém na estrada, em busca de sua grande chance. A trajetória do músico é endossado por uma fofíssima metáfora proposta pelos diretores, que nada mais é do que outro jeito de mostrar o "lado de dentro" do protagonista: um gato que segue o músico. Ademais das personalidades muito parecidas entre Llewyn e o felino (principalmente quanto ao fato de não se apegar a nada e viver 'por aí'), os Coen fazem paralelismos bastante interessantes entre momentos da vida do cantor e do gato, que reforçam no filme essa busca por revelar o 'inside' do personagem (um 'inside' que tem múltiplas leituras: sua própria vida, seu gato de estimação, seu disco). Com uma fotografia sensacional e repleto de boa música, INSIDE LLEWYN DAVIS não é o ápice dos Coen, mas outro bom momento da carreira dos irmãos.

Para ver: INSIDE LLEWYN DAVIS - BALADA DE UM HOMEM COMUM  (Inside Llewyn Davis, 2013, de Joel e Ethan Coen). Com Oscar Isaac, Carey Mulligan, John Goodman, Garrett Hedlund, Justin Timberlake.
Cotação: 
Madonna vai voltar à cadeira de diretora. Depois da estreia com a comédia ainda inédita nos cinemas e em home vídeo no Brasil, SUJOS E SÁBIOS, feita em 2008; e do drama W.E. - O ROMANCE DO SÉCULO, que despertou maior interesse em 2011, a cantora vai adaptar o romance da escritora Rebecca Walker, ADÉ: A LOVE STORY. A produção será de Bruce Cohen, de O LADO BOM DA VIDA.

sábado, 22 de março de 2014

Curta-metragem, o primeiro passo para o camarada que quer ganhar alguns rolos a mais para entreter sua plateia, é celebrado de diversas formas ao longo do globo. Nessa semana, caiu na rede um curta intitulado LIGHTS OUT, do diretor sueco David F. Sandberg, que venceu o prêmio de melhor diretor em um festival para curtas de filmes terror/suspense que acontece nos Estados Unidos, o BC HORROR CHALLENGE. 

O filme, de pouco mais de três minutos, é daqueles de arrepiar a espinha e o desafio é realmente ir dormir sem pensar duas vezes antes de apagar as luzes:




E o mais insano: LIGHTS OUT sequer ficou entre os três primeiros filmes da lista do BC HORROR CHALLENGE. Se você quer dar uma olhada nos outros vencedores, eles estão disponíveis no site oficial do festival. Vale uma conferida!


quinta-feira, 20 de março de 2014

“Um bom filme é quando o preço do jantar, do ingresso e da babá valeram a pena”

Alfred Hitchcock

domingo, 16 de março de 2014


Em determinado momento dessa segunda parte de NINFOMANÍACA, a protagonista Joe parece cabal em sua análise sobre a participação do personagem de Stellan Skarsgard (que me parece um alter-ego do diretor Lars Von Trier) no filme: "acho que essa foi uma das suas digressões mais fracas". E, infelizmente, foi. Lars nunca foi unanimidade no mundo cinematográfico mas certamento já inquietou os mais interessados em um cinema que foge do piloto automático. Mas se a primeira parte do filme pecava pelo desarranjo de metáforas espalhas ao longo de suas duas horas de duração, o mesmo não se pode concluir com esse encerramento, bem melhor em relação ao apresentado na primeira metade - ainda distante do melhor cinema de Von Trier. 

O Volume 2 começa sua narrativa exatamente do ponto em que o Volume 1 se findou e leva o espectador até o início da ação desse mesmo volume, que começava com a personagem de Charlotte Gainsbourg subjugada num beco parisiense. Lars oferece um discurso algumas vezes aborrecido e pedante sobre o drama de sua protagonista, com insinuações pretensiosas e desconexas, mas finalmente assume partido sobre aquilo que apresenta (justamente o que faltava no panorama sem rumo do filme inicial), e não me parece vergonhoso que queira defender o direito de sua personagem de entregar-se ao sexo como bem entende - recebendo as pedras da sociedade que a julga todo o tempo. É uma condição que leva a uma escolha e somente esta (e suas ações e consequências) e não aquela, pode ou deve ser questionada. O final do filme, particularmente bastante interessante, justifica todos os momentos vividos por Joe em suas duas partes.

E mesmo com todas as oscilações das narrativas capitulares, o diretor traz para a tela dois momentos grandiosos: a releitura do inesquecível prólogo do excepcional ANTICRISTO, dirigido por ele mesmo em 2009, ao som da ópera Lascia ch'io Pianga (que acredito poder revelar mais que uma analogia simples - lembram que a Charlotte e Dafoe eram simplesmente "ele" e "ela"?); e a regravação de "Hey Joe", que toca nos crédito finais, na voz super sensual da protagonista Charlotte Gainsbourg. 
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Para ver: NINFOMANÍACA - VOL. 2 (Nymphomaniac: Vol. II, 2014, de Lars Von Trier). Com Charlotte Gainsbourg, Stellan Skarsgard, Shia LaBeouf, Christian Slater, Willem Dafoe, Jamie Bell.
Cotação:



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NINFOMANÍACA - VOL. 2 está em cartaz no Cine Jardins. Confira os horários.

sábado, 15 de março de 2014

ERNEST E CELESTINE. Essa animação francesa, uma pequena joia feita na contracorrente daquilo que o cinema norte-americano costuma produzir, acabou finalista do Oscar de Melhor Animação em 2014. Tem uma concepção visual belíssima, apoiada nas composições estéticas e visuais das pinturas impressionistas do século XIX (de volumes completamente bidimensionais, sem contornos nítidos e com lindos efeitos de luz e sombra a partir da utilização das cores). Tal escolha não se dá ao acaso, já que a forma serve ao conteúdo, que tem por objetivo celebrar um dos sentimentos mais nobres: a amizade constituída entre seres de morfologia e valores extremamente opostos - uma ratinha e um urso. Nesse universo delicado e imerso em emoções genuinamente humanas, os dois se encontram e da amizade proibida entre as raças, surge uma grande história a ser contada. Daqueles filmes doces e divertidos, pra ficar com sorriso no rosto depois de assisti-lo.

Para ver: ERNEST E CELESTINE (Ernest et Célestine 2013, de Stéphane Aubier e Vincent Patar). Com  as vozes de Lambert Wilson E Pauline Brunner
Cotação: 

sábado, 8 de março de 2014


Nessa refilmagem de ROBOCOP, o diretor brasileiro José Padilha (de Tropa de Elite) faz uma ótima releitura dos ideais do filme de 1987 para os dias atuais. Mesmo mantendo-se no esquema hollywoodiano de filmar e construir as narrativas (de apresentar os problemas sem discuti-los com muito vigor), Padilha consegue politizar a trama e, de certa forma, manter a tríade que sustentava o Tropa (especialmente sua continuação) ao abordar de que forma milícia, polícia e governo caminham juntos quando o assunto é violência social. Como aqui no Brasil, também lá a corrupção está instalada nos órgãos oficiais, e o dinheiro é a causa 'nobre' de tanto caos. Há um "quarto poder" que ronda esse esquema, o papel dos veículos de comunicação ultra-radicais (que cabe ao sempre eficiente Samuel L. Jackson), tratado com muita ironia e sarcasmo por Padilha - que me parece uma grande gozação do diretor, já que não seria estranho arriscar que parte dos norte-americanos não saberão ler nas entrelinhas e levarão a sério cada palavra dita pelo personagem (principalmente quando o assunto é endossado pela política externada 'salvadora' dos Estados Unidos perante o mundo). 

Ademais desta grande construção, o filme só falha ao lidar com suas próprias emoções de modo bastante asséptico, principalmente em sua parte inicial - pela pouca capacidade expressiva nas atuações de ator Joel Kinnaman e Abbie Cornish, responsáveis pelo núcleo sentimental da trama - criando um ponto frágil, já que a discussão humanos x robôs é o grande mote que norteia a relação milícia-polícia-governo-imprensa. Encarando de outra forma, porém, não deixa de ser uma grande homenagem ao clássico de Paul Verhoeven (quem se lembra de Peter Weller?).
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Para ver: ROBOCOP (idem, 2014, de José Padilha). Com Joel KinnamanGary OldmanMichael KeatonAbbie Cornish
Cotação: 





segunda-feira, 3 de março de 2014

 Oscar 2014, a tônica. A cerimônia "dos selfies", "da pizza", "do Twitter" ou "da Samsung". Vai ser assim que lembraremos dessa festa do Oscar no futuro. Badalados astros e estrelas reunidos a uma apresentadora preocupada em fazer história se arriscando em 'forjados' atos de espontaneidade e improvisação. E funcionou muito bem: 3 milhões de retwittes na foto #selfie mais icônica já feita até hoje (que reuniu um time cheio de oscarizáveis) e audiência de 43 milhões de pessoas somente nos EUA, o maior nos últimos 10 anos. 

Os vencedores? Nenhuma surpresa. Os favoritos que o GoldDerby já havia listado aqui, confirmaram seus prêmios: Melhor filme para 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO, Alfonso Cuarón o melhor diretor, Cate Blanchett e Matthew McConaughey os melhores atores principais e Lupita Nyong'o e Jared Leto os coadjuvantes. GRAVIDADE entra pra lista dos maiores vitoriosos, com 7 estatuetas, e TRAPAÇA ficou a ver navios, saindo sem nenhum troféu (mas a gente sabe que mais dia ou menos dia, David O. Russell vai fazer um 'hat trick' qualquer no Oscar, a gente só espera que seja com um filme bem melhor que os últimos que conseguiu emplacar). 

Mas fica a lembrança de um prêmio que se não soube equilibrar seus momentos (para cada Brad Pitt abocanhando um pedaço de pizza; ou de Pharrell Williams colocando Meryl Streep e Amy Adams pra dançar, ainda tivemos alguns chatíssimos números musicais em excesso, como os de Pink e Bette Midler), soube celebrar o cinema com menos ranço e mais leveza.


(frente e verso de um dos momentos mais marcantes do Oscar)


Pra quem já quer começar a brincar para o próximo ano, a disputa começa do Oscar 2015 começa a ser ensaiada desde já: Clint Eastwood, Wes Anderson, Michael Fassbender, Joaquin Phoenix, Nicole Kidman, Michelle Williams, Meryl Streep, Ridley Scott e Christopher Nolan já são promessas que o Spoiler Movies e Hollywood Report colocam no cenário. 

domingo, 2 de março de 2014

sábado, 1 de março de 2014

OSCAR 2014, apostas. Para entrar no clima da brincadeira, cinéfilo que se preze está com listinha de apostas em mãos. A minha, que está participando do bolão lá no AwardsDaily, tá aqui. 


Best PictureGravity
Best DirectorAlfonso Cuaron, Gravity
Best ActorLeonardo DiCaprio, The Wolf of Wall Street
Best ActressCate Blanchett, Blue Jasmine
Best Supporting ActorJared Leto, Dallas Buyers Club
Best Supporting ActressLupita Nyong'o, 12 Years a Slave
Original ScreenplayAmerican Hustle
Adapted Screenplay12 Years a Slave
Best Animated FeatureFrozen
Best Foreign FilmThe Great Beauty
Documentary FeatureThe Act of Killing
Best Production DesignThe Great Gatsby
Best CinematographyGravity
Best Costume DesignThe Great Gatsby
Best EditingGravity
Best Makeup and HairDallas Buyers Club
Best ScoreGravity
Best SongLet it Go (Frozen)
Best Sound EditingGravity
Best Sound MixingGravity
Best Visual EffectsGravity
Best Animated ShortGet a Horse
Documentary ShortFacing Fear
Best Live Action ShortThe Voorman Problem


No domingo a noite volto aqui pra conferir a lista e comentar um pouquinho da festa (que a gente espera que seja, no mínimo, divertida!).
Oscar 2014. Do Awards Daily.